sábado, 12 de julho de 2008

Em choque... parte 2

Na empresa está um ar triste e mórbido. Muitos olhos vermelhos, muita gente abalada, muitas perguntas sobres os riscos de contaminação.

Nossa colega pegou o virus quando foi, junto com um grupo de viagem, fazer uma excursão numa caverna codinome Python em Uganda. Como em toda caverna, havia alí uma comunidade de morcegos. Porém, nesta região da África, vírus como o da Ébola e seus variantes sempre aparecem. Na regra geral, eles são transmitidos por macacos, morcegos e ratos.

Nossa colega teve muito azar, ou então, a sua hora realmente havia chego, por que de um grupo todo e de milhares de morcegos – somente um se mexeu e vôo justamente na direção da A. Ele não a mordeu, parece que somente tocou, mas isso já foi o suficiente para transmitir o vírus. Ela foi a única vítima, ninguém mais.

O vírus “Marburg” tem um período de encubação de 21 dias e só é transmissível quando a vítima apresenta sintomas do vírus, que são: sintomas de gripe, febre alta, vômito, diarréia e perda de sangue.
Só se é contaminado quando se há troca de secreções corporais. Não há transmissão em toque de pele ou tocar em algo que a vítima tocou.

A instituição de saúde Holandesa pesquisou na empresa o risco de contaminação e por mais que não possa ser completamente excluído, as chances são mínimas.
Recebemos instruções para caso alguém apresente algum sintoma. Em todos os andares do prédio foram colocados panfletos e já foi avisado, quem apresentar algum sintoma será colocado em quarentena e isolamento. O índice de mortalidade causado pelo vírus é de 80%. No caso de uma pessoa saudável, o vírus leva à morte em uma semana. Nossa colega aguentou 9 dias. Se ela o superasse, ela precisaria, no mínimo, de um transplante de fígado e rins. Na quinta à noite, ela só respirava por aparelhos. Todo o seu corpo já havia sido sucumbido pelo vírus. A luta tinha chego ao final e os aparelhos foram desligados...

Sei que não corro o risco por que durante a semana que ela esteve no nosso departamento, eu não estava lá. Mas o Júnior, colega do projeto capenga, sentava justamente na frente dela e esteve com ela no dia que ela apresentava os sintomas (ou seja, durante o período de contaminação), tanto que, ele até comentou com ela que ela não parecia estar bem por que suava como numa sauna. E agora o nosso colega Júnior, obviamente, está assustado.

No momento, 100 pessoas estão sobre o controle direto de um orgão da saúde. Entre essas 100 pessoas que estiveram em contato com a nossa colega, 45 são do hospital onde ela passou o fim de semana. O resto são familiares e o marido dela, que além de ter perdido a esposa, é quem corre o maior risco de ter sido contaminado.
Serão 3 semanas de alertas e de medo. Muita gente saindo de férias agora, muitos estão nervosos. Quem tiver uma simples gripe, vai entrar em pânico.

Nossa colega A. será cremada na segunda-feira. Mesmo que o último desejo dela tivesse sido ser enterrada, não vai ser possível, para eliminar qualquer hipótese de riscos de contaminação.

Enquanto isso, o orgão de conselho de viagens do governo não desaconselha viagens para Uganda. Eles só desaconselham as excursões as cavernas....

5 comentários:

Adriana disse...

Poxa, Holandesa... não tenho palavras pra descrever a tristeza e preocupação que estou sentndo por todos, inclusive por você, no seu estado gestante (aliás, parabéns!).
Como assim os órgãos do governo "desaconselham" excursões a cavernas? Qualquer atividade que ofereça um mínimo de risco ser proibido! Revoltante.
Um beijo, fique bem.

nuno medon disse...

Olá! Lamento a morte da tua amiga! Aqui em Portugal tb é preciso ter cuidado com isso. A filha de um colega de trabalho do meu Pai, morreu aos 17, 18 anos porque ao que sabemos durante umas férias, no parque de campismo ou algo do género lá tocou em algo, numa urina de rato, ao que se soube na altura. É preciso lavarmos bem as mãos, porque qq descuido pode ser fatal. Quando uma pessoa vai acampar, tem que ter muito cuidado! beijos e boa sorte neste cantinho!

Anônimo disse...

Que loucura mulher!
E que falta de sorte da sua colega... ou, como vc disse, talvez fosse a hora dela mesmo porque de um grupo inteiro soh acontecer com ela, soh sendo a hora mesmo... Por outro lado, ainda bem que nao foi com mais pessoas ainda pois isso eh terrivel.
Espero que as 100 pessoas em 'observacao' estejam livres da contaminacao.

P.S.: Te ligo hj a noitinha

Beijos!

Anônimo disse...

Nossa que susto eu levei quando li o seu post!
Vendo como aconteceu o caso dessa sua colega a única explicação é que realmente tinha chegado a hora. Espero que os 100 em observação recebam alta logo e o marido possa se recuperar desta experiência.
Um abraço.

Anônimo disse...

Puxa, isso apareceu na TV, então era sua colega? Muito triste, mas disso eu não morreria, tenho horror a morcegos e quero boa distância de lugares onde é possível eles estiverem presentes! Apesar de gostar de cavernas, eu não me sinto muito confortávle nelas.