terça-feira, 29 de julho de 2014

E o barco tá afundando... Salve-se quem puder!

Na noite de domingo pra segunda eu não dormi bem. Acordei de madrugada e passei horas (re)moendo idéias sobre o meu futuro na empresa. Cheguei a conclusão de que ficar parada que nem poste também não é solução, ainda mais depois das conversas que eu tive na semana passada.

Amanhã eu, mais o representante do RH e mais uma 'colega' de outro departamento teremos uma conversa informal com a colega de Camarões para oferecer ela um pacote de saída voluntária. Pequeno detalhe: ela (a de Camarões) é minha amiga e antigamente nós éramos do mesmo nível, mas eu acabei virando a chefe dela com o tempo.

A situação é super-desagradável. Mas, ela não será a única. Ainda tem 2 outros do meu time que eles querem mandar embora, mas desses eles ainda não tem tanta certeza, mas pode ser puramente uma questão de tempo.

No momento, quem não está sendo mandado embora, está saindo por si mesmo. Ou então, os que ficam, são aqueles que deveriam estar saindo, mas não estão...

Quando eu levantei na segunda eu tinha tomado a minha decisão e decidir entrar em ação. Ontem mesmo eu comecei a olhar por outras oportunidades e acessar alguns colegas do meu network. E eu já comecei a receber respostas dos primeiros contatos.

Eu tenho tempo. Agora vamos ver no que vai dar.

Cenas para os próximos capítulos!

sábado, 26 de julho de 2014

Respeito MH17 "voltando pra casa"

Ontem o marido queria assistir o cortejo de 75 vítimas do MH17 que passa pela rodovia perto da nossa tribo.  Fomos os 4. Difícil é explicar o que aconteceu para o nosso filho, S., que agora que tem 5 anos já está entendendo o que é morte. Fiquei com receio de explicar o que aconteceu com o avião e que todos os passageiros morreram. Marido começou explicando o que aconteceu e viu o meu receio e medo do quanto o acontecido assustaria filhote.
Meu filho, rei da curiosidade,  logo disparou 1000 perguntas. Entre elas, por que todos aqueles militares? Por que toda aquela cerimônia? Por que as pessoas estão batendo palmas se as pessoas morreram? Por que estamos do lado da rodovia assistindo os carros passarem? O que significa 'mostrar respeito' pelas vítimas?  E se ele podia ver o tal avião?... Como é difícil explicar!

Minha filha, ainda bem, não entende ainda o que aconteceu, mas copiava o comportamento dos outros e como o seu pano branco* na mão, mas parecia estar pedindo paz do que consolo.

Marido que sempre foi um holandês 'nuchter' (pé no chão) e movido por lógica, ficou emocionado e começou a bater palmas em sua maneira de mostrar respeito. Eu, como sempre, chorei.
Apesar da tristeza, a maneira de como os Holandeses trataram a situação com dignidade e respeito deu orgulho e foi ao mesmo tempo, bonito.

Hoje ainda haverá o último cortejo das vítimas. O último até que acharam as outras que ainda não foram recolhidas do lugar da tragédia. Espero, do fundo do meu coração, que todas sejam encontradas e   resgatadas para 'voltarem pra casa'...



quinta-feira, 24 de julho de 2014

Um país em silêncio...

Ontem foi dia de luto na Holanda devido ao mortos do 'acidente' do avião MH-17.
Em meus 22 anos de Holanda eu confesso que nunca vim nada igual. Nem as tragédias como o da Enschede (fábrica de fogos de artifícios que explodiu e acabou com um bairro inteiro da cidade), nem o incêndio no ano novo em Volendam fez o povo reagir da maneira como reagiu ontem.

A cerimônia e finalmente o respeito perante as vítimas e familiares foi impressionante e muito comovente. Ontem foram 40 vítimas, hoje voltaram 74 - quase o dobro.
Muitos tem o sentimento que seus queridos estão voltando pra casa, por mais que a maioria das vítimas fossem Holandesas (194 dos 298), outros ainda tem um longo caminho para voltar pra casa.

O cortejo passou pela rodovia principal da Holanda e pela qual eu passo os dias no meu trajeto casa-trabalho- casa. Ontem eu desviei da rota por uma parte para evitar os bloqueios na rodovia para o cortejo passar. Mesmo assim, na última parte para chegar em casa, na altura de Den Bosch eu tenho que pegar a tal rodovia e atravessar a ponte sobre o rio. São mais ou menos 10 minutos de direção e foram os 10 minutos mais comoventes para mim. A quantidade de pessoas nos viadutos ou do lado da pista com faixa e bandeiras eram de arrepiar e enfraquecer até o mais forte. Numa das faixas estava escrito "You will never walk alone" (Você nunca irá caminhar sozinho) e aquela foi a última gota para fazer eu chorar até eu chegar em casa.


O silêncio e o respeito que o povo Holandês mostrou foi muito triste e comovente, mas ao mesmo tempo e como sempre tão contraditório, tão bonito. Tanta solidaridade eu ainda não tinha visto aqui.

De resto, só me resta dizer que, pelo menos, eu tenho plena confiança que os Holandeses vão fazer tudo ao seu alcance para identificar as vítimas e entregá-los de volta aos seus familiares e que elas serão tratadas com respeito e dignidade, algo que não houve desde a hora que o míssel foi disparado...

#luto&respeito

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Voltei....

Nossa, mais de um ano que eu não escrevo.

Já nem sabia mais como fazer um update to template do blog, por ai vcs tiram!

Mas, eu voltei. Voltei pra ficar. Ou seria pra continuar?...

Minha vida nesses 2 últimos anos foi um 'fast-forward' em experiências e aprendizado. E na verdade, continua sendo.

Vou fazer um resumos dos grandes acontecimentos desde o último ano.

- Em 2013 eu viajei 4x EUA. Todas as vezes para Florida. 3x à trabalho e 1x de férias com a família.
EUA continua sendo meu país favorito para viagens! Vou falar mais disso nos próximos posts já que ano que vem estamos planejando voltar à Florida para férias novamente.

- Nesses 2 últimos anos trabalhei muito. Por mais que meu contrato seja de 36hrs e eu trabalho só meio-dia de casa nas sextas, eu fiz muito mais horas de trabalho semanais e com muitas viagens à trabalho - na média eram 3 semanas de trabalho em que eu ía de segunda à quinta para França e uma semana no escritório. Sextas e os fins de semanas eu estava em casa assumindo a responsabilidade do meu papel de mãe, esposa e filha. Quando eu tinha tempo, a única coisa que eu queria saber fazer era descansar.

- Já no final do ano passado o famoso projeto responsável por todas as minhas viagens começou a ficar instável. Em março desse ano, o projeto foi parado e com ele $40 milhões foram por água abaixo. Uma tristeza depois de tanto esforço. Nos dias seguintes a parada do projeto o trabalho constava somente em mandar gente embora. Dos 89 integrantes do projets, todos os externos foram mandados embora no dia seguinte. O resto, que eram pessoas internas da empresa acabaram pedindo demissão elas mesmas. Entre eles, Darth Vader, o meu gerente direto. CIO Australiano ainda continua por aqui, mas não será por muito tempo como tudo indica... Na verdade, do time inteiro só tem 3 sobreviventes. 2 Analistas e ... eu! E eis a pergunta de todo esse tempo. Por que eu continuo aqui já que o barco tá afundando?.. 2 motivos. Tem um projeto que se for efetivamente lançado, que será uma boa opção para mim em termos de carreira e o gerente dessa área é muito bom. Talvez o único que presta. Pequeno detalhe, ele também vem da Austrália, só que da região da Tasmânia. Apelido: Diabo da Tasmânia! ;-)

E o outro motivo é pelo lado pessoal. Eu tô comprando tempo ficando na empresa já que as coisas agora estão calmas e sem correrias. Preciso disso para conseguir ajudar a resolver uma outra questão. A questão da minha mãe. Na mesma semana em que o projeto foi parado em março, no dia do niver da minha irmã Kika, nossa mãe teve um derrame cerebral. Ela sobreviveu, graças a minha irmã mais velha que reconheceu todos os sinais e levou-a pra hospital. Tudo foi muito rápido, inclusive o atendimento no hospital, mas minha mãe ficou paralizada todo o lado esquerdo do corpo, até mesmo no rosto. Ela passou uns 10 dias no hospital e foi depois transferida para um centro de rehabilitação onde ela tem fisioterapia para recuperar o que pode e tratamento de ergoterapia para aprender a fazer as coisas com as limitações do que não tem mais recuperação.

Dia 20 de julho fez exatamente 4 meses desde o ocorrido. Atualmente ela anda com o apoio de um andador (rollator ) e tem uma cadeira de rodas quando precisa. A mão esquerda, infelizmente, não deverá se recuperar. Ela consegue mexer um pouco 3 dedos, mas é isso. O rosto já está recuperado e graças à Deus, a memória e a fala não foram afetados.

De acordo com os médicos, a melhor parte da recuperação são os 3 primeiros meses, depois disso há recuperação mas é cada vez mais lenta e menor a recuperação.
Moral da história: ao que tudo indica ela já chegou a um certo limite de recuperação e já querem mandar ela pra casa no mês que vem. E isso está dando muita dor de cabeça e preocupação para nós.

Na casa dela tem 2 lances de escada. O quarto e o banheiro de banho ficam no primeiro andar. Escada é um lance perigoso na situação dela. Ela consegue subir e descer com ajuda. Ela não pode fazer sozinha. Botar uma cadeira-elevador também está difícil e caro e com as expectativas de como será a vida da minha mãe daqui pra frente, uma cadeira dessa seria um investimento de curto prazo. Na verdade, o melhor seria a minha mãe mudar de casa. Claro que ela é teimosa e quer voltar pra casa, mas também não é realista, por que acha que terá uma pessoa (um escravo) do lado dela 24hrs e que ela não vai precisar fazer nada. Isso sem falar que o derrame só fez aumentar mais a depressão que ela estava sofrendo. Essa parte é talvez a mais degastante de todas. Sem falar que volta em meia ela faz sabotagem com o próprio tratamento.

A gente espera arranjar uma solução em breve e as coisas se acertarem. Infelizmente não deveremos conseguir um lugar apropriado (tipo apartamento para idosos) em breve pois tem lista de espera. Ela deverá voltar pra casa e receberá assistência pessoal algumas vezes por dia (pelo menos de manhã e de noite - ajudar a subir e descer escadas e ajudar no banho). Verdade é que com a depressão e de que tudo agora ficou difícil pra ela, é capaz de ela se sentar numa cadeira na frente da tv e ficar lá o dia todo, indo no máximo pra banheiro (terreo) quando precisar. E ai sim que a depressão irá fazer a festa! Por outro lado, há a expectativa que talvez ela voltando pra casa ela aceite melhor que ela tem que mudar de casa para algo mais prático pra ela. Afinal de contas, ela tem 77 anos.

E enquanto isso não se acertar, já que sou eu e as minhas irmãs cuidando dela e resolvendo a situação administrativa, eu não tenho cabeça pra procurar outro emprego ou fazer entrevistas...

Por enquanto, eu estou sendo paga e faço minhas horas diárias de acordo com o contrato e de quebra, ainda trabalho um ou outro dia de casa. Só assim pra balancear o lado pessoal, senão eu acho que enlouqueceria...!