segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As novas

Estou em Bruxelas dando, provavelmente, o meu último treino nesse ano.
E gente, eu sempre me espanto com a diferença entre a Holanda e a Bélgica. A distância de um país para o outro é um “pum”, mas os costumes e os tratamentos pessoais são tão diferentes!

Pra fazer bonito e como é de costume dos Belgas, eu trato todo mundo com “U” (a forma mais formal que existe), por que aqui até gente nova é tratada assim, enquanto na Holanda é tudo no “Jij” (informal) até para os mais idosos.
Fora isso, os Belgas dão sempre um aperto de mão e boa parte deles, ainda dão um beijinho no rosto. Na Holanda, é um aperto de mão e olhe lá!

E eu gosto da Bélgica. Não só por que a parte culinária é melhor do que a Holandesa, mas também por que é legal pra fazer compras, fazer passeios (românticos) pelas suas cidades históricas e medievais, comer chocolate até não aguentar mais... Sem falar que pras bandas de cá tem mais relevo, enquanto na Holanda é tudo plano demais pro meu gosto.

Enfim, eu não sei por que não visito a Bélgica mais vezes! Fica tão perto “de casa” (um pouco mais de 1hr) e eu quase não tiro proveito disso...?! Besta, né?!

Mas, voltando a falar sobre o trabalho:
Semana passada eu recebo um e-mail convite para uma entrevista no dia seguinte. O convite deixava bem claro que a entrevista não podia ser mudada e eu que ajustasse a minha agenda. Separado do convite eu recebo um e-mail confidencial do departamento do RH explicando o motivo da entrevista.
A nossa empresa está fazendo uma mega-fusão-reorganização e eu tinha que fazer uma entrevista de solicitação para a mesma função que eu ocupo hoje em dia. De acordo com os planos, eles tem que reduzir no mínimo 50% o nr de pessoas na minha função e por isso, para as vagas existentes estamos concorrendo entre colegas pra algo que já somos e alcançamos antes.
Claaaro que para não ficar tudo igual, eles adicionaram mais responsabilidades a nossa posição e criaram “uma nova função” que deu a entender, será ocupada pelos que deixarão a nossa função.

Agora olha lá, entrevista para um emprego novo já é um “saco”, imagina agora vc fazer uma entrevista para vc continuar no mesmo cargo na mesma empresa? E ainda concorrendo com os seus colegas?... não é “estranhérrimo”? Para mim foi!
E a entrevista correu bem, mas a pergunta que não quer calar é: Será que eu não vou ser passada pra trás por que estou grávida e daqui alguns meses eu estarei de licença, além de que trabalharei menos horas quando voltar?

No final da entrevista o gerente que fez a entrevista perguntou se eu tinha mais alguma para adicionar e alguma pergunta.

E eu joguei na lata. Perguntei para ele se ele via a minha gravidez como um “impendimento” na minha carreira?!

Sinceramente, eu não ponho culpa de “falhas” na minha carreira (atual) no meu bebê ou na minha gravidez. Seria ridículo e não faz sentido. Mas sim, na mentalidade Holandesa que com certeza atrapalha!
E isso não só se refere a questão da maternidade, mas também na questão de trabalhar 40horas & 32hrs como boa parte dos Holandeses fazem. Por que que esses que trabalham menos se metem com os que trabalham 40hrs? Por que esses vêm cobrar satisfação das nossas escolhas?
Outro dia Betinha me contou que os colegas dela foram perguntá-la por que ela trabalhava 40 horas (enquando o resto do departmento trabalha 32hrs)? E uns dias atrás eu reencontrei um ex-colega da primeira empresa que eu trabalhei e ele ficou de queixo caído que eu ainda trabalho em tempo integral.

E a resposta a todas as perguntas, inclusive da materenindade, é: E por que não?!

E por que não??!.....

2 comentários:

Anônimo disse...

A pergunta é muito boa: por que não? Por que é que a gente tem que dar satisfação das nossas escolhas? Eu senti discriminação no outro sentido, pois parei de trabalhar por três anos, quando meus filhos estavam com 4 e 7 anos. Uma loucura pra alguns. Sempre me perguntavam se eu nao me aborrecia em casa. A resposta, claro, era sempre não. Minha escolha foi muito bem pensada e foi a certa. Eu não poderia ter continuado a trabalhar por muito tempo se não tivesse feito essa pausa na minha vida profissional. Mas a falta de reconhecimento social para com as mães que decidem ficar em casa e cuidar dos filhos é grande. Resumindo: faça o que fizer, sempre vai haver alguém pra te criticar. O melhor é não dar ouvidos. No final das contas, quem decide de sua vida é você, não é não?
Tereza (Bruxelas)

Anônimo disse...

Pois é, e porquê não? Eu espero sinceramente que a gravidez não seja nenhum impedimento para a sua carreira, por favor, mostre a essas mulheres daqui que trabalham 20 horas por semana de que sim, é possível ter uma carreira E um filho! Depois ainda se perguntam porquê tão poucas mulheres atingem o topo da carreira aqui, rs.
Ah, eu também adoro a Bélgica! Se eu quero fazer compras a sério, eu vou direto a Antuérpia, nem perco meu tempo com Amsterdam. Estou a 1 hora de trem de ambas, mas em Antuérpia eu tenho comida melhor, lojas muito legais que não te olham com cara feia se você quer pagar com cartão de crédito, e não tenho as irritantes obras que estão acabando com Amsterdam, e as multidões de turistas...e tem waffles também, mmmm...e os belgas são mais delicados no trato pessoal sim. Agora não sei se moraria lá, já ouvi dizer que para morar não é tão divertido, mas enfim, gosto de ter a opção de escapar para lá de vez em quando. Abs,